sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Gelo

Chove
Uma chuva que não cura
Uma chuva que me despe
Uma chuva que destrói
A mascara sádica de couro
que criei para não chorar

Sopra o vento
E faz as folhas dançarem
E as janelas tremerem
Faz o meu ser estremecer
Faz-me, de repente, cair
E não me deixa levantar

Frio
Que entra pela porta
Que me congela por dentro
E que liberta o gelo de que sou feita
Faz-me reviver um mau passado
Faz-me acreditar que não está acabado

Um trovão
Iluminando a paisagem deserta
E cortando o que é forte em dois
Fez-me ruínas e destroços
Fez-me fome, sono e medo
Fez-me fraca e doentia

Eu,
Sádica de nome
Doente por natureza
Demente por esperteza
Vadia de um corpo só
Desejando apenas ser alguém

Sem comentários:

Enviar um comentário